Família - A educação dos filhos não pode aliená-los

Chegamos a conclusão que os seres humanos dependem dos outros para chegarem a seres humanos. Dependemos do cuidado, da alimentação, da proteção, da higiene propiciada pelos pais para que possamos evoluir e crescer de forma saudável. As primeiras identificações ou laços amorosos com os pais vão ajudar a construir o psiquismo da criança. E quando chega a adolescência começam os questionamentos dos valores passados pelos pais. Na idade adulta, perguntamos: "O que eu faço com aquilo que fizeram de mim?" Na criação dos filhos é extremamente necessário relação com os pais, pois esta é fundamental para trazer significação a sua existência. No entanto, é comum a criança manter uma relação narcisista com a mãe, relação para a qual a figura do pai é excluída. Ou seja, nesta relação, o desejo da criança passa a ser o de sua mãe apenas. E se a criança é criada sem esta relação pai-mãe equilibrada, logo ela questionará. "A que vim? O que o outro quer de mim?" Estas perguntas são construídas quando ela como ela começa a conceber a falta. A mãe tem quer ser divida com outras pessoas, a criança percebe que não tem exclusividade sobre ela. E assim surgirá um sentimento de perda e, deste sentimento, poderão surgir outras doenças psicológicas. Por isso é muito importante essa diferenciação entre a figura materna e a criança através da relação da criança com o Pai também. Os problemas da família podem ser pensados através do lugar que cada membro ocupa dentro dela. Qual é o lugar da mãe? Qual é o lugar do pai? E o da criança? Observarmos a causa dos problemas no seguinte conflito familiar: tanto a criança como a mãe, para se sentirem completas, necessitam uma da outra e anulam os desejos próprios, Ou seja, a mãe passa a viver para a criança e deixa enfraquecer a relação com o marido. Ela passa a se realizar na criança e não na relação conjugal. Ou a criança passa a viver para mãe, satisfazendo os desejos da mesma, se realizando nela, sem a relação paterna. Mais tarde esta mãe ira ressentir desta relação. Os filhos vítimas desta relação doentia com a mãe apresentarão sérios problemas para a família. O principal é a perda de identidade dos filhos que, primeiramente se baseavam na figura da mãe, mas que agora a perdem para outros (relação não exclusiva) e fica, portanto, com esta sensação de perda do referencial mater. Esta perda de identidade leva a criança a crises psicológicas e emocionais que provocarão ações de delinqüência, desobediência, irritabilidade e outras conseqüências decorrentes. A solução seria, portanto, o mais simples possível. Basta aos pais criarem a criança com participação conjunta, permitindo-as desenvolver suas personalidades sob a estrutura pai-mãe para que esta diferenciação os prepare para a lidar com as perdas e com a sensação de que os outros não são objetos de seus desejos, mas seres individuais, com vidas individuais. E também os pais deviam aplicar na educação dos filhos mais noções de liberdade e deveres. A educação dos filhos não pode aliená-los de sua própria liberdade de escolher, de querer, de agir, mas também não pode deixar de restringir esta liberdade com os limites dos deveres. A criança sem senso de deveres torna-se desrespeitosa, sem compromisso, leviana, preguiçosa, desejosa de fazer tudo o que quer,etc. A criança criada apenas com os limites dos deveres, torna-se apática, sem sonhos, incompetentes, sem emoções, sem fé na vida e, portanto, tendente a delinqüência, a conflitos íntimos e sociais. Mas a criança criada sobre estas duas realidades, liberdade e deveres terão uma personalidade que sente autônoma, capaz, enérgica, mas que ao mesmo tempo reconhece a limitação, seus deveres, o certo e o errado, o que se quer e o que se pode fazer. Criar e educar filhos, não se resume simplesmente em trazê-los a vida e depois envia-los para a escola. É muito mais do que isto, o que conclui dedicar-lhe toda a atenção e trabalhar seus princípios de vida desde a mais tenra infância, para que no decurso de sua vida ele desenvolva uma personalidade que lhe faça ser feliz em todos os seus dias